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Carlos Duarte Heyman e a tradição do tênis de mesa gaúcho!



Para os atletas mais antigos o sobrenome Heyman é associado com a história do tênis de mesa gaúcho. Em 2015 Carlos Duarte Heyman, o Bozó, retornou aos treinos e torneios e honrou o nome de seu pai, pois além de conquistar títulos importantes está conseguindo divulgar o esporte através da criação de um novo núcleo em Lajeado. Confira abaixo a entrevista com esse atleta que carrega o tênis de mesa na sua história!

1-Fale um pouco sobre o seu pai, como ele conheceu o esporte e como foi a fundação da Federação Gaúcha de Tênis de Mesa.

Carlos Heyman: Meu pai Erik Heyman, natural de São Paulo, jogava tênis de mesa em São Paulo junto com Betinho, Medina, Edu Barone e outros na sua época de Adulto. Como trabalhava em uma empresa multinacional (Balanças Toledo) na época, foi transferido primeiramente para Curitiba e após Porto Alegre, onde disputava ping pong em bares e associações que existiam na época. Depois de um tempo conheceu a Sogipa e os mais antigos como Paulo Peregrina, Harry Hoet, Alberto Etchart e muitos outros como o Seu Camargo, pai de Alvano e Albair, que ajudou na implantação do tênis de mesa por aqui. Chegaram também os chilenos Waldo Dias, Miguel Dias e Christian Dias, com isso se tornou desejo e realidade a fundação da FGTM em 1971, conforme relato de meu pai, pois o tênis de mesa crescia na Sogipa e em outros clubes.

2- Em que ano tu começou a praticar o tênis de mesa e em qual ano parou?

Carlos Heyman: Meu início deu-se quando eu tinha três anos de idade, sentado em cima da mesa, onde minha mãe ou amigos de meu pai me seguravam e demonstravam paciência para que eu pudesse jogar. Na época meu pai com recursos próprios fabricava a mesa e colocava na Sogipa para a prática. Não me recordo quando parei realmente de jogar, mas acho que foi no ano 2000, quando meu pai veio a falecer. Sou filho adotado, mas a ligação com meu pai e a cumplicidade por amarmos o mesmo esporte sempre foi muito forte. Parei de jogar pois o esporte não era lucrativo, meu pai havia falecido e chegava a hora de me tornar adulto, trabalhar e levar comida para casa. Parei também pois tudo me lembrava ele, errei, deveria ter tornado este momento único para crescer e postergar sua memória e o que fez pelo tênis de mesa. Vi meu pai tirar comida de nossas bocas para comprar bolinhas, raquetes, borrachas, pagar passagens para pessoas que nem conhecia, visto o tamanho do seu amor pelo tênis de mesa. Desejei retornar agora vendo fotos, vídeos de campeonatos mundiais, do Waldner e Persson e pelo fato de que meu filho queria aprender a jogar... pronto, era o que faltava para eu voltar! 3- Quais as melhores lembranças que tu guarda em relação ao TM?

Carlos Heyman: Nossa, são tantas lembranças: campeonatos, títulos, perdas, amizades, namoros, aprendizados... Mas a melhor foi um Campeonato Brasileiro em Piracicaba, disputamos equipes, duplas e individual. Chegamos como surpresa, na época só existia o Brasileiro, ficamos em 3º. lugar em equipes, joguei ao lado de meu irmão Rodrigo Heyman, conseguimos também o 2º. lugar em duplas e eu fiquei em 3º. lugar no individual, perdendo a semifinal para Fábio Okano por 3x2. Naquele ano fui convidado a integrar a seleção mirim e disputar o Sul-americano no Equador, mas não tinha recursos e nem patrocínio e também não deixei meu pai se endividar para que eu fosse competir, já que havia gasto bastante dinheiro para levar os três filhos e mais ele ao Brasileiro. Sei que perdi a oportunidade da minha vida, mas Deus quis assim. Neste mesmo campeonato meu irmão mais velho, Erik Heyman Júnior, no seu último ano de infantil jogava nas quartas de finais contra o atual campeão sul americano e ganhava por 2x0, 3º. set vencia por 17x11 e o árbitro roubou de forma descarada 3 pontos. Pedimos troca de árbitro, não foi aceito pelo pessoal de São Paulo, então meu irmão guardou a raquete, cumprimentou o adversário e chamou o árbitro de ladrão e abandonou a partida. Ele foi suspendo por um ano pelo que fez, mas foi bonito de ver, foram três técnicos dando instrução a favor do adversário.

4 - Por qual motivo retornou ao esporte?

Carlos Heyman: Como descrevi antes, voltei ao esporte pois sentia falta. Olhava fitas VHS dos mundiais, olhava também fotos de meu pai e o pedido do meu filho de querer aprender foram os motivos pelo retorno.

5- Qual conquista tua acha mais relevante no TM?

Carlos Heyman: Fui campeão em duplas da Copa Centro Sul-Leste (São Paulo não participou), 3º. lugar no Brasileiro, vice campeão individual nesta Copa Centro Sul-Leste, campeão do Estado em todas categorias que disputei, 3º. colocado na Copa Porto Alegre realizada na Sogipa e idealizada por meu pai. Nessa Copa vieram atletas de São Paulo, Uruguai, Argentina, Paraguai, Santa Catarina e muitos outros locais, conseguimos patrocínio e premiação em dinheiro com contribuição de Carlos Eduardo Tavares e Raimundo Nonato, que tempos depois veio treinar e dar aulas em Porto Alegre. Mas a mais marcante foi quando ouvi um técnico de São Paulo me convocando para disputar o Sul-Americano. Jamais esqueço isso, mesmo não sendo campeão venci muitos jogadores de São Paulo, perdi somente para o Fábio Okano na semifinal naquela vez, porém havia vencido ele por 2x1 no jogo por equipes.

6 - Como é carregar esse sobrenome tão importante para o esporte gaúcho?

Carlos Heyman: Sou o que sou por causa da benção de Deus que fez meu pai me adotar. Fui criado com muita igualdade com meus irmãos. Sou fanático por esporte, e ele sempre estava lá nas vitórias e nas derrotas e também nos ensinamentos. Sei o que existe hoje e é graças ao seu Erik Heyman, que muito se doou ao esporte, eu fui no embalo e sendo preparado para ser o melhor, fiz treinos com Kobayashi, Lee Kou Tin (ambos foram técnicos da seleção), Fran, e ainda fiz curso de aperfeiçoamento para técnicos com o Fran e o Gadal.

7- Um ídolo no mundo dos esportes.

Carlos Heyman: Waldner, sempre foi meu grande ídolo, mas tenho como referência meu pai, não poderia ser diferente, e meu irmão mais velho, Erik Heyman Júnior. Este último foi o melhor jogador e um dos mais talentosos que vi jogar, não treinava, não se preparava, mas o dom era maior, foi em quem mais me espelhei para buscar vencer. Ele jogava com uma facilidade, muita técnica e agilidade, seu maior defeito era a cabeça. Eu sempre fui obstinado pelo treino e com raça consegui, mas acho que meu irmão seria muito melhor que eu...

8 - Tens algum sonho ou objetivo relacionado ao TM?

Carlos Heyman: Tornar meu filho jogador, mas acima de tudo cidadão, pois o esporte ajuda a tirar a possibilidade de encontrar drogas e mau companhia, sei que o tênis de mesa me ajudará nisso e quero vê-lo brilhar e disputar finais.

9 - Como vão os treinos em Lajeado? Quantos atletas já tens contigo?

Carlos Heyman: Hoje estamos entre 9 a 10 praticantes, nosso problema é que temos apenas um horário para treinos, das 19:30 até 21:30 em sextas, ainda não consegui lugar melhor, mas uma hora vai!


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