Em dezembro, a equipe que representa a base do tênis de mesa brasileiro passou vinte dias na China, principal país da modalidade. E o gaúcho Jorge Fanck, Coordenador do Projeto Diamantes do Futuro, nos conta um pouco sobre como foi essa incrível experiência na entrevista a seguir:
1 - Já é o terceiro intercâmbio realizado na China, houve alguma inovação no treinamento do ano passado para esse?
Jorge Fanck - Este ano fomos para a base do Clube Shandon Luneng, principal clube de Tênis de Mesa da China. Na base eles têm uma metodologia muito bem traçada, desenvolvendo uma série de exercícios específicos em todos os treinos. O interessante é que utilizam muitos exercícios iniciando com saque e recepção, o que é muito utilizado no Brasil, mas exercícios de perna e repetição também iniciavam com saque, desenvolvendo bastante o início do ponto em praticamente todas as situações de treino. Treino de robô também é utilizada em todos os treinos e tanto o robô quanto os exercícios de perna com uma carga muito elevada, que normalmente não utilizamos no Brasil.
A diferença talvez percebemos em relação ao foco e disciplina dos atletas no Shandon, todos muito focados e dedicados em todas as sessões de treino. No ano passado em Cheng Du os atletas eram muito fortes tecnicamente, mas o nível de esforço era menor em comparação ao deste ano.
Esta foi a minha percepção, mas nos dois anos os treinamentos foram excelentes e agregaram muito para a evolução dos atletas.
2- Quanto aos atletas brasileiros, qual foi o impacto desta experiência?
Jorge Fanck - Acredito que foi um impacto positivo, principalmente por serem inseridos em um ambiente focado em alto rendimento, todos os atletas muito focados, sempre buscando se esforçar ao máximo. Acredito que este aspecto influenciou positivamente toda a equipe brasileira, o próprio técnico chinês comentou conosco que a grande diferença é a atitude, precisa ter boa postura e dedicação em todos os treinos para que a evolução seja a desejada.
3 - Qual foi o momento mais marcante deste intercâmbio?
Jorge Fanck - Tivemos muitos momentos legais durante toda a viagem, mas no último dia desafiamos os chineses a uma partida de equipe, selecionamos nossos cinco melhores jogadores contra os 5 melhores deles. Foram 25 jogos em melhor de 5 sets até 11 pontos, foi uma disputa MUITO EMOCIONANTE e a última rodada iniciou 10 a 10 e tudo estava em aberto. Os primeiros dois jogos da rodada tiveram vitória dos adversários, com isso precisávamos vencer os três últimos jogos, e foi o que aconteceu, viramos a disputa para 13 a 12. Foi muito emocionante e o clima de disputa dentro do ginásio estava muito legal, ganhar dos chineses na casa deles teve um gostinho muito especial.
4 - Para finalizar, quais foram os momentos mais marcantes em relação ao tênis de mesa de 2016 para ti?
Jorge Fanck - Bah, este ano foi EXCELENTE, o RS teve excelentes resultados a nível nacional, conquistando várias medalhas em Copa Brasil, Brasileiro e Jogos Escolares. Sei que em relação aos principais Estados do Brasil estes resultados são pequenos, mas comparados a nós mesmos, são conquistas muito expressivas, espero que em mais alguns anos possamos enfrentar de igual para igual os principais Estados e clubes do Brasil.
No lado pessoal também foi um dos principais anos da minha carreira, além deste intercâmbio para China, também tive condições de crescer dentro dos locais que trabalho e estou ganhando muitas oportunidades através da CBTM e ITTF, este ano viajei com a Seleção Pré-mirim e Mirim para o Sulamericano no Peru e fiz um intercâmbio na Suécia com o Peter Karlsson através do Programa FastTrack da ITTF. Também fui escolhido para ser Coordenador Nacional do Projeto Diamantes do Futuro da CBTM, que está sendo ao mesmo tempo um grande desafio e me trazendo muitos aprendizados, amadurecendo ainda mais a minha visão sobre o Tênis de Mesa e tudo que giro em torno.
Com certeza foi um ano excelente e espero continuar trabalhando e aprendendo cada vez mais, cada ano buscando melhorar um pouco mais, até realizar todos os meus objetivos.